A multinacional americana Archer Daniels Midland (ADM), referência global em agronegócio e nutrição animal, vem tomando passos estratégicos importantes no Brasil nos últimos anos. O período recente foi marcado por reestruturações, ajustes financeiros e foco em inovação — e o horizonte para 2025 aponta para maior especialização e novos investimentos.

Desde 2019, após adquirir a Neovia por €?1,5?bilhão, a ADM começou a reestruturar sua presença no Brasil, integrando e otimizando fábricas recém-incorporadas. Em meados de 2023, essa fase chegou ao fim, centralizando centenas de marcas em uma oferta mais enxuta e robusta, reforçando a posição da ADM como líder no segmento de nutrição animal.

A companhia atualmente opera nove plantas no Brasil, em estados como São Paulo, Paraná, Minas Gerais, e Rondônia, que atendem setores como premix, rações e ingredientes para produção animal. Dentre os projetos em andamento, destaca-se a nova fábrica de premix em Apucarana (PR), com inauguração prevista para agosto de 2025, estimando elevação de 40% na capacidade e um CD com 3.500 posições-paletes.

No cenário global, o segmento de nutrição animal da ADM passou por desafios: em 2T23, a receita caiu de US$?56?milhões para apenas US$?1?milhão, reflexo da queda na demanda e estoques elevados. No 3T24, o lucro operacional no segmento de Nutrição no Brasil e região foi de US$?105?milhões, cerca de 19% inferior ao mesmo período anterior, impactado por custos de encerramento de joint ventures e ajustes contábeis.

Além disso, em 2024, a ADM enfrentou turbulência contábil internacional com revisão de demonstrações, afetando o segmento de nutrição e resultando em desvalorização de ações e saída de executivos.

Em janeiro de 2025, a ADM anunciou a busca por comprador para sua divisão brasileira de pet food, com o banco Barclays conduzindo negociação para venda estimada entre R$?1?bilhão e R$?1,5?bilhão. A unidade, segundo fontes, tem receita de R$?1,1?bilhão mas prejuízo de cerca de R$?100?milhões. Esse movimento faz parte de uma estratégia para focar no núcleo de nutrição animal de produção — bovinos, aves, suínos e aquacultura.    Paralelamente aos negócios animais, a ADM tem ampliado sua atuação em nutrição humana, investindo em desenvolvimento de ingredientes funcionais por meio de seu Centro de Inovação em Hortolândia (SP), o primeiro na América Latina. Em abril de 2025, foi premiada no BIS Awards por soluções em extratos vegetais, proteínas de soja e fibras dietéticas, reforçando sua liderança em ingredientes naturais e saudáveis.

Também destaca-se o crescimento do segmento de proteínas vegetais para consumidores flexitarianos, impulsionando atuação em produtos plant-based — com produtos de soja processada na fábrica de Campo Grande (MS), iniciada com investimento de US$?250 milhões.

Plano para 2025 em diante: foco, expansão e sustentabilidade

• Aumento de capacidade: com as expansões em soja, farelo e óleo nas unidades de Campo Grande, Porto Franco (MA) e Uberlândia (MG), espera-se crescimento de até 5% na produção ao longo de 2026.

• Maior verticalização: consolidação da cadeia "farm to fork", com integração desde o grão até ingredientes e fórmulas finais para nutrição animal e humana.

• Investimentos em P&D: o centro de Hortolândia segue sendo pilar central na criação de soluções com foco em bem-estar, saúde digestiva e sensorialidade.

• Sustentabilidade: continuidade em compromissos de rastreabilidade e moratória da soja no bioma amazônico, com metas para corte de desmatamento direto e indireto até 2030.

• Especialização estratégica: saída do segmento de pet food para concentrar investimentos em áreas de maior rentabilidade e escala no agronegócio.

ADMir: mascote para reforçar a marca

A ADM, líder em comercialização de grãos, insumos, nutrição humana e animal, apresenta ao mercado o seu primeiro mascote. Chamado de ADMir, ele será presença constante nas comunicações de nutrição animal da multinacional.

O objetivo do lançamento é posicionar a marca de forma padronizada e consistente nas lojas agropecuárias que vendem soluções para equinos, bovinos, peixes, camarões, aves, suínos e coelhos. O mote do mascote é “Se a criação é bruta, a nutrição é raiz”, desenvolvido de acordo com a linguagem mais aderente ao público consumidor das linhas voltadas a criações caseiras, reforçando o posicionamento da marca junto aos pontos de venda dos produtos da ADM no canal varejo agropecuário.

“O desenvolvimento de soluções nutricionais eficazes e sustentáveis é essencial para o sucesso da criação de animais. Estamos na vanguarda dessas inovações e queremos reforçar nossa mensagem de eficiência e produtividade, em uma linguagem próxima dos produtores. Por isso, entendemos que termos um mascote que reflita o dia a dia dessas pessoas seria a melhor forma de nos posicionarmos em ambientes com muito apelo visual. O ADMir ainda protagonizará outras ações da área de nutrição animal, principalmente nas redes sociais. Prevemos uma vida longa e bastante agitada para o nosso mascote”, afirmou Vanesa Mesquita, gerente de marketing da área de nutrição animal da ADM para o sul da América Latina. Transição

A ADM Nutrição no Brasil atravessou um período de transição intensa, marcado por reestruturação operacional e ajustes financeiros. Agora, direciona suas forças para expansão em nutrição animal de produção, produtos plant-based, soluções humanas e inovação. O horizonte pós-2025 aponta para foco estratégico, sustentabilidade e crescimento sustentado — com fábricas modernizadas, nova capacidade produtiva e investimentos sólidos em pesquisa e desenvolvimento.

Esse panorama evidencia como a ADM busca fortalecer sua posição no mercado brasileiro, alinhando-se com tendências globais e desafios locais, com vistas a conquistar um crescimento estruturado e perene.