4min・04/06/2025・Texto por Redação Power Supply
O bom momento dos preços do alumínio deu um gás extra para a Alcoa no primeiro trimestre de 2025. A gigante americana não só deixou para trás o prejuízo de US$ 242 milhões registrado no mesmo período do ano passado, como surpreendeu com um lucro líquido de US$ 548 milhões, o equivalente a US$ 2,07 por ação — uma alta de impressionantes 171%.
O resultado ajustado, que desconsidera itens não recorrentes, foi ainda mais robusto: US$ 568 milhões, ou US$ 2,15 por ação, revertendo o prejuízo de US$ 145 milhões no trimestre anterior e crescendo 106% na comparação sequencial.
O avanço nos preços do alumínio foi o protagonista, combinado à queda nos custos da alumina e aos contratos mais vantajosos de fornecimento de bauxita. Na outra ponta da balança, pesaram negativamente a redução nos embarques e os custos tarifários sobre o alumínio importado pelos EUA.
Além disso, a comparação com o quarto trimestre de 2024 ficou ainda mais favorável com a ausência de despesas não recorrentes, como os US$ 82 milhões ligados à redução da refinaria de Kwinana e impactos cambiais negativos de US$ 51 milhões registrados no fim do ano passado.
Na frente financeira, a Alcoa também reorganizou sua estrutura de dívidas, emitindo US$ 1 bilhão na Austrália e realizando uma oferta de recompra de US$ 890 milhões de dívidas existentes. O caixa fechou o trimestre em US$ 1,2 bilhão. “Conseguimos acelerar nossas metas operacionais e de alocação de capital, além de formalizar a joint venture com a IGNIS Equity Holdings para apoiar as operações em San Ciprián e reposicionar nossa dívida na Austrália”, disse William Oplinger, CEO da Alcoa, em comunicado. “O mercado de alumínio mais forte trouxe resultados sólidos, enquanto seguimos focados em segurança, estabilidade e excelência operacional, apesar do cenário econômico desafiador”, completou.
A produção de alumina somou 2,35 milhões de toneladas métricas, uma leve queda de 1%, enquanto a produção de alumínio recuou na mesma proporção, para 564 mil toneladas métricas. A redução foi atribuída, em parte, ao calendário mais curto — dois dias a menos no período —, parcialmente compensada pela retomada gradual da fundição da Alumar, no Brasil.
Nas vendas, o tom foi de leve desaceleração. As expedições de alumina para terceiros caíram 8%, reflexo do cronograma de entregas e de menor volume de comercialização. Já no alumínio, as expedições encolheram 5%, impactadas pela ausência de volumes do projeto Ma'aden e por ajustes logísticos.
A receita total somou US$ 3,4 bilhões, uma queda modesta de 3% em relação ao mesmo período de 2024. No segmento de alumina, a queda na receita foi de 8%, puxada pela combinação de menor volume, câmbio desfavorável e recuo no preço médio realizado. No segmento de alumínio, a receita ficou estável: a valorização dos preços compensou parcialmente a redução nos embarques.
Perspectivas: olho nas tarifas e nos custos
Para o restante de 2025, a companhia mantém suas projeções. A produção e as remessas de alumina devem ficar entre 9,5 e 9,7 milhões e 13,1 e 13,3 milhões de toneladas métricas, respectivamente. Já no alumínio, a expectativa é produzir entre 2,3 e 2,5 milhões, com entregas variando entre 2,6 e 2,8 milhões de toneladas métricas.
No curto prazo, o segundo trimestre promete alguns desafios. A empresa projeta um impacto negativo de US$ 90 milhões pelas tarifas da Seção 232 dos EUA, que incidem sobre o alumínio importado do Canadá, além de US$ 15 milhões em custos relacionados à retomada da fundição de San Ciprián. Por outro lado, a queda nos custos de alumina deve aliviar US$ 165 milhões nas despesas do segmento de alumínio.
Apesar dos solavancos, a Alcoa segue confiante. O cenário de preços firmes e a gestão rigorosa dos custos colocam a companhia em uma posição confortável para navegar um ano que, embora desafiador, também traz boas oportunidades.
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