・16/08/2024・Texto por Redação Power Supply

Nos últimos anos, o cenário econômico global tem sido marcado por uma inflação persistente e uma política monetária rígida, com os bancos centrais ao redor do mundo mantendo juros elevados para conter a escalada dos preços. Esse ambiente, desafiador para muitos setores, tem, paradoxalmente, criado novas oportunidades para a geração de caixa nas empresas, especialmente através da antecipação de recebíveis. 

A inflação alta, ao aumentar o custo dos insumos e das operações, pressiona a necessidade das empresas por liquidez imediata. Ao mesmo tempo, a manutenção dos juros elevados torna o crédito mais caro e menos acessível. Nesse contexto, a antecipação de recebíveis tem se mostrado uma estratégia eficaz para manter o fluxo de caixa positivo sem recorrer a empréstimos onerosos. 

Antecipar recebíveis é uma prática onde a empresa adianta a receita futura de vendas a prazo em troca de um desconto sobre o valor total. Com a inflação em alta, o valor real do dinheiro diminui com o tempo, tornando vantajoso para as empresas receberem o montante de imediato, mesmo que com um desconto, em vez de esperar pelo pagamento integral no futuro. Essa estratégia não só garante a liquidez necessária para manter as operações em dia, como também evita a necessidade de contrair novas dívidas a taxas de juros elevadas. 

Além disso, a prática de antecipação de recebíveis ganha atratividade adicional em um cenário de juros altos. Como as taxas de desconto aplicadas pelas instituições financeiras ou empresas de factoring são geralmente mais baixas do que as taxas de juros dos empréstimos convencionais, as empresas conseguem gerar caixa de forma mais econômica. Esse diferencial é crucial em um ambiente onde o custo de captação é alto, permitindo que as empresas preservem sua margem de lucro ao mesmo tempo em que mantêm suas operações financeiras estáveis. 

Outro ponto a ser considerado é a possibilidade de as empresas utilizarem a antecipação de recebíveis como uma ferramenta estratégica para negociações com fornecedores e clientes. Ao garantir maior liquidez, as empresas podem negociar melhores condições de pagamento com fornecedores ou oferecer prazos mais atrativos para clientes, fortalecendo relacionamentos comerciais e potencialmente aumentando a competitividade no mercado. 

O ambiente de inflação alta e juros elevados, embora desafiador, oferece às empresas a oportunidade de otimizar sua gestão financeira através da antecipação de recebíveis. Essa prática, ao gerar caixa de forma rápida e econômica, permite que as empresas naveguem pelas incertezas econômicas com maior segurança e flexibilidade, transformando adversidades em oportunidades para crescimento sustentável. 
 
Um estudo de perspectivas 
Neste contexto, um estudo da Monkey mapeou perspectivas econômicas para o segundo semestre deste ano. A pesquisa online foi realizada entre 8 e 17 de julho. Sob a ótica das empresas, a segunda metade de 2024 traz consigo uma série de desafios e oportunidades econômicas que afetam diretamente o planejamento estratégico em diversos setores. Com o objetivo de fornecer um panorama detalhado e orientado para os próximos meses de 2024, o levantamento se baseou em uma pesquisa abrangente conduzida junto a bancos e empresas de diferentes segmentos. A partir dessa análise, espera-se que as empresas possam tomar decisões mais informadas e estratégicas, minimizando riscos e aproveitando as oportunidades que o cenário econômico oferece. 

Um Panorama das Expectativas 

Para garantir uma visão ampla e representativa das perspectivas econômicas para o segundo semestre de 2024, a pesquisa foi distribuída a mais de 20 mil empresas e mais de 80 instituições financeiras (IFs). Essa ampla rede de contatos permitiu coletar uma amostra significativa de dados, representando uma variedade de perspectivas econômicas. A pesquisa incluiu questões detalhadas sobre expectativas de crédito, crescimento de setores específicos e uma visão geral das condições econômicas para os próximos meses. 
 
O estudo revela insights específicos sobre temas cruciais, como oferta de crédito por tamanho de empresa, setores prioritários em oferta e taxas de crédito, setores com maior dificuldade em acessar crédito, comportamento das taxas de juros e preferências de financiamento das empresas. 

A pesquisa indicou que a maioria das IFs espera que a oferta de crédito se mantenha estável para grandes e médias empresas. No entanto, para pequenas empresas, há uma expectativa de queda na oferta de crédito, o que pode representar um desafio significativo para esse segmento. As pequenas empresas, frequentemente, dependem de financiamento externo para manter o fluxo de caixa e financiar operações, e uma contração na oferta de crédito pode afetar diretamente sua capacidade de crescimento e sustentabilidade no mercado. 

De acordo com as IFs, os setores que devem ser priorizados na oferta de crédito e que provavelmente terão taxas mais favoráveis incluem o Imobiliário, Papel e Celulose, Farmacêutico, Indústria de Transformação e Agronegócio. Esses setores representam uma parcela significativa da economia brasileira e são vistos como motores de crescimento. De acordo com o estudo, 65% das empresas nesses setores acreditam que a oferta de crédito e o crescimento permanecerão estáveis, mas 53% indicaram expectativas de investir mais, beneficiando-se da tendência de crédito favorável. 

Por outro lado, setores como Varejo, Máquinas e Equipamentos, Supermercados e Hipermercados, Transporte e Logística, e Aeronáutica enfrentam maiores dificuldades em acessar crédito, de acordo com as IFs. Apesar disso, 50% das empresas nesses setores acreditam que a oferta de crédito se manterá, 58% acreditam que o crescimento do setor será estável e 54% planejam manter suas intenções de investimento. Esses números revelam uma resiliência entre as empresas desses setores, que, mesmo diante de dificuldades, buscam manter ou até mesmo expandir suas operações. 

Uma das preocupações centrais das empresas para o segundo semestre de 2024 é o comportamento das taxas de juros. A pesquisa indica que 77% das IFs acreditam na manutenção das taxas de juros para modalidades de crédito, o que pode proporcionar uma certa estabilidade para as empresas que dependem de financiamento. As modalidades de crédito mais acessadas nos próximos seis meses devem incluir o desconto de duplicatas e recebíveis (66%), antecipação de cartão e capital de giro. Esses instrumentos são fundamentais para a gestão financeira das empresas, especialmente em um ambiente econômico incerto. 
 
Em relação às preferências de financiamento, 43% das empresas apontam o capital de giro como a principal ferramenta de financiamento, seguido por 32% que preferem o desconto de duplicatas. Essas preferências refletem a busca das empresas por soluções de curto prazo que possam garantir a continuidade das operações e o enfrentamento de eventuais desafios financeiros. O capital de giro é vital para a manutenção do ciclo operacional, enquanto o desconto de duplicatas permite a antecipação de receitas, aliviando pressões sobre o caixa. 

O segundo capítulo do estudo traz uma análise dos resultados da pesquisa realizada com as empresas, focando nas suas perspectivas e desafios para o segundo semestre de 2024. O perfil das empresas participantes é diversificado, com uma concentração significativa nos setores de Transporte e Logística, Máquinas e Equipamentos, Alimentos e Bebidas, Indústria de Transformação e Automotivo. A maioria das empresas que responderam à pesquisa fatura até R$ 100 milhões por ano, representando uma faixa significativa de empresas de médio porte no Brasil. 

Quando questionadas sobre o desempenho do Brasil nos próximos seis meses, 39% das empresas acreditam que será equivalente ao período anterior, enquanto 33% têm uma perspectiva mais pessimista. Esse dado sugere um certo ceticismo em relação ao cenário econômico, possivelmente refletindo preocupações com a estabilidade política e as condições macroeconômicas. Por outro lado, uma parcela significativa das empresas mantém uma visão estável, o que pode indicar confiança na resiliência da economia brasileira, apesar das incertezas. 

As perspectivas econômicas para o segundo semestre de 2024 apresentam um cenário complexo e desafiador para as empresas brasileiras. A pesquisa da Monkey conduzida com instituições financeiras e empresas revela uma mistura de otimismo cauteloso e preocupações reais, especialmente em relação à oferta de crédito e ao comportamento das taxas de juros. As empresas, por sua vez, demonstram resiliência e estão dispostas a investir, mesmo em um ambiente de incerteza. A chave para o sucesso no segundo semestre de 2024 será a capacidade das empresas de se adaptarem rapidamente às mudanças e de utilizarem de forma estratégica os instrumentos financeiros disponíveis para garantir a continuidade e o crescimento de suas operações. 

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