2 min・08/09/2025・Texto por Redação Power Supply

Petlove em evidência: navegando em um setor pet cada vez mais concentrado 

A fusão entre Petz e Cobasi, anunciada em abril de 2024 e aprovada tecnicamente pelo Cade em junho de 2025, dará origem a uma entidade com faturamento estimado entre R$ 6,9 e R$ 7 bilhões, cerca de 483 a 494 lojas espalhadas no país e participação estimada entre 11% e até 20% do varejo pet brasileiro. 
Esse movimento representa não apenas uma consolidação significativa no volume físico e digital, como também uma potencial modificação drástica nas dinâmicas de poder com fornecedores, ampliando o braço de negociação em detrimento de players como a Petlove. 

A preocupação central é que Petz e Cobasi, juntas, formariam um conglomerado com enorme poder de barganha sobre fornecedores e forte capilaridade no e-commerce e lojas físicas. Isso pode sufocar concorrentes médios e pequenos, que não conseguem competir em preço, logística ou marketing.  
 
“Nas cidades menores, onde os pet shops independentes ainda têm relevância, a fusão pode gerar desequilíbrio. Fornecedores tendem a priorizar quem compra em volume, deixando o pequeno varejista em desvantagem”, disse Gustavo Biglia, sócio do Ambiel Bonilha Advogados e especialista em Direito Societário. 
 
Na mesma linha, o advogado Vanderlei Garcia Jr, sócio do Ferreira & Garcia Advogados, especialista em Direito Contratual e Societário e Doutor em Direito Civil pela USP entende que a verticalização do negócio é importante e não deve se restringir ao varejo.  
 
“Ela pode ampliar o poder de mercado sobre toda a cadeia, incluindo clínicas veterinárias próprias, planos de saúde animal, marcas exclusivas de produtos e centros logísticos”, conclui o advogado. 
 
Segundo a Abinpet, o setor pet brasileiro faturou R$ 75,4 bilhões em 2024, com crescimento de 9,6% em relação a 2023. A maior fatia, R$ 40,8 bilhões (54,1%), corresponde à venda de alimentos industrializados, seguida de produtos veterinários (R$ 7,8 bilhões), serviços veterinários (R$ 7,7 bilhões) e venda de animais (R$ 8,1 bilhões). 
Outras fontes sugerem que o faturamento total do setor pode chegar a R$ 77,3 bilhões, estimando crescimento de até 12,6% e uma produção anual de pet food em torno de 4,2 milhões de toneladas. 

O Brasil abriga mais de 167 milhões de pets, entre cães e gatos, e dispõe de cerca de 285 mil empresas voltadas ao setor, especialmente pequenas e médias lojas que respondem por quase metade do faturamento geral. 

Em 2024, a Petlove teve faturamento de R$ 1,8 bilhão, consolidando sua posição no mercado digital e em expansão física por meio de um modelo omnichannel. Na área de planos de saúde para pets, um segmento estratégico, já superou 220 mil vidas seguradas, com participação de 65% de market share e projeção de 300 mil pets. Além disso, a empresa construiu um marketplace para empreendedores do setor, oferecendo visibilidade para pequenos fornecedores e fortalecendo uma cadeia diversa e inclusiva. 

Os desafios frente à fusão 

Para a Petlove, a fusão entre Petz e Cobasi representa um “movimento mais nocivo que o mercado pet já enfrentou”, em palavras da CEO Talita Lacerda. As rivais agregadas poderão concentrar até 50% do mercado online e dominar centenas de praças em vendas físicas, prejudicando a concorrência real. 

No recurso apresentado ao Cade, a empresa destaca que em 155 mercados físicos a fusão implicaria monopólio e, em outros 42, a concentração ultrapassaria 70%. Além disso, apontou como consequência o enfraquecimento da cadeia de fornecedores locais, que seriam obrigados a aceitar condições menos favoráveis, além da possível redução na diversidade de oferta para os consumidores. 

Ao comentar sobre o tema, a CEO Lacerda reforçou que Petz e Cobasi são hoje os únicos concorrentes efetivos entre si. “A união pode causar o fechamento de pequenos e médios petshops, sufocar fornecedores e reduzir a diversidade de produtos e serviços disponíveis aos tutores”, acrescentou a executiva. “Com menor poder de competição, muitos estabelecimentos podem fechar ou sequer abrir. E isso inclui negócios digitais, onde Petz e Cobasi já concentram entre 40% e 50% das operações.”  
 
Enquanto o mercado pet brasileiro segue em expansão, atingindo cifras bilionárias e movimentando dezenas de milhões de tutores, a fusão entre Petz e Cobasi representa um ponto de inflexão, uma concentração que pode redefinir toda a dinâmica competitiva. 
Para a Petlove, o grande desafio será manter sua relevância e modelo de negócio diferenciado, fortalecendo cadeias de fornecedores e oferecendo inovação e acessibilidade aos tutores. A atuação junto ao Cade e sua mobilização pública (como a campanha #NãoAoMonopólioPet) refletem sua estratégia de equilibrar o jogo. “Nosso compromisso é com o bem-estar animal. Confiamos na análise técnica do Cade e na adoção de medidas que garantam um ambiente competitivo saudável.”

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gestor financeiro

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