2 min・22/09/2025・Texto por Redação Power Supply
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, em vigor desde 6 de agosto, já provoca uma reacomodação no mercado global e ameaça a sustentabilidade de milhares de produtores no Brasil. O aumento abrupto do imposto praticamente inviabilizou as exportações para o mercado americano, historicamente um dos maiores destinos da bebida nacional, e está pressionando toda a cadeia da commodity, dos cafeicultores ao consumidor final.
Segundo Marcio Ferreira, presidente da Associação dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a medida trouxe um cenário de incerteza e especulação. “A tarifa tornou as exportações para os EUA inviáveis e criou um ambiente de incerteza, elevando os preços globalmente, e pode não haver teto”, afirmou. De fato, os preços do arábica dispararam mais de 30% em agosto, alcançando US$ 3,74 por libra-peso, em meio a uma safra brasileira menor, cerca de 10% abaixo do esperado, e problemas climáticos recentes.
O impacto mais severo recai sobre pequenos e médios produtores, especialmente os que dependiam quase exclusivamente das exportações para os Estados Unidos. Muitos relatam que o aumento no custo de insumos, como fertilizantes e embalagens, somado à perda de mercado, compromete a viabilidade econômica da atividade. Uma reportagem da AP News mostrou que parte desses produtores cogita abandonar o plantio se a situação persistir.
A pressão também chega ao setor de exportação. Compradores americanos têm solicitado o adiamento de embarques, movimento que afeta diretamente o fluxo de caixa dos exportadores brasileiros. “Os atrasos nos embarques afetam financeiramente, especialmente aqueles que dependem de financiamento pré-embarque, ampliando custos e riscos”, alertou a Cecafé, em nota. De acordo com cálculos do setor, um adiamento de setembro para dezembro pode gerar perdas de até US$ 10 por saca, em razão da estrutura de preços do mercado futuro.
No mercado consumidor, as consequências já são visíveis. Cafeterias em Nova York relatam repasses ao consumidor final, com aumentos de até US$ 1 por xícara. Nos últimos 12 meses, o preço médio do café no varejo americano já subiu 14,5% e a tendência é de alta ainda mais acelerada com a tarifa. Pequenos estabelecimentos independentes temem não conseguir absorver os custos, o que pode levar a fechamentos ou a mudanças na qualidade dos blends oferecidos.
Com o Brasil em desvantagem competitiva, países como Colômbia e Vietnã começam a ocupar espaço no mercado americano. Importadores dos EUA intensificam contatos com fornecedores alternativos, aproveitando tarifas menores e a busca por estabilidade de preços. Analistas do setor calculam que a medida pode afetar um mercado de mais de US$ 340 bilhões dentro dos Estados Unidos, que dependem quase integralmente de importações para abastecer suas torrefações e redes de varejo.
O quadro mostra uma cadeia em tensão: produtores brasileiros enfrentam risco de perda de receita e endividamento, exportadores buscam redirecionar a produção para Europa e Ásia, e consumidores americanos já sentem o impacto no bolso. A tarifa de 50% sobre o café brasileiro, além de provocar uma alta generalizada nos preços globais, expõe a vulnerabilidade de um setor agrícola fortemente dependente de estabilidade no comércio internacional.
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